Reedição do único álbum solo de Roberto de Carvalho reitera que brilho do artista se apagava sem Rita Lee

  • 23/05/2025
(Foto: Reprodução)
Capa do álbum ‘Roberto de Carvalho’, lançado em 1992 e ora relançado pela primeira vez em edição digital Divulgação ♫ OPINIÃO ♩ Em 1990, o lançamento do álbum Rita Lee & Roberto de Carvalho evidenciou o desgaste da produção autoral dos compositores – reflexo do momentâneo desajuste do casal 20 do pop rock brasileiro. O fracasso do disco gerou separação musical em 1991, ano em que Rita Lee (1947 – 2023) foi para a estrada com o show solo Bossa’n’roll, transformado em álbum ao vivo naquele mesmo ano de 1991. Já Roberto lançou em 1992, pela gravadora Warner Music, aquele que seria o primeiro e único álbum solo da discografia do artista carioca, então com 40 anos. Editado em LP, CD e cassete, o disco Roberto de Carvalho frustrou expectativas artísticas e comerciais. Nunca relançado, o álbum foi reposto em catálogo ontem, 22 de maio, em edição digital, através da gravadora Universal Music. Embora tenha valor documental pela importância do artista na música brasileira, a reedição reitera que, sem Rita, o brilho de Roberto se apagava por completo. Essa impressão já ficara nítida em 1992. Em 2025, ano de grandes homenagens a Rita Lee, a audição do álbum Roberto de Carvalho somente comprova que toda a inegável grandeza do artista como compositor, multi-instrumentista (virtuoso no toque de teclados e guitarra) e arranjador jamais atenua o fato de que Roberto não nasceu para cantar ou para ser o frontman de uma banda. Falta luz! Falta star quality ! Como compositor, a mágica funcionava ao lado de Rita Lee. É inestimável a contribuição de Roberto de Carvalho para o excelente acabamento da obra da roqueira na fase pop que começou em 1979 e que gerou sucessos até 1987, com pausa nesse período para a feitura de um disco dark e deprê, Rita & Roberto, de 1985. Roberto de Carvalho é disco de guitarras. Um disco de rocks como Porta da perdição e Mentiras, música que seria regravada por Rita oito anos depois, então já novamente em dupla com Roberto, no álbum 3001 (2000). Havia também uma balada, O que você quer, parceria de Roberto com Arnaldo Antunes que, mesmo incluída na trilha sonora da novela Despedida de solteiro, exibida pela TV Globo naquele ano de 1992, passou despercebida. Rita também regravou essa música no álbum Santa Rita de Sampa (1997) – primeiro álbum de estúdio após a retomada da dupla e a reconciliação definitiva do casal em 1995 – e a regravação entrou na trilha de outra novela da TV Globo, Corpo dourado (1998), mas nada aconteceu de novo. Com repertório insosso sob o prisma melódico, quase inteiramente composto por Roberto de Carvalho sem parceiros, o álbum apresentou uma única parceria de Rita & Roberto, Eterno agora, balada em que o artista toca teclados e canta com a voz inábil para o canto. Nesta edição digital, o álbum Roberto de Carvalho incorpora a versão acústica de Beijo da sorte, música que abre o disco. A faixa acústica era exclusiva da edição em CD de 1992. Com ou sem faixa adicional, o álbum Roberto de Carvalho mostra que nem todo artista, por mais talentoso que seja, nasceu para ficar sob o holofote principal.

FONTE: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2025/05/23/reedicao-do-unico-album-solo-de-roberto-carvalho-reitera-que-o-brilho-do-artista-se-apagava-sem-rita-lee.ghtml


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